Eles decidem tudo na logística e só te avisam? Isso pode mudar

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Já sentiu aquela pontada no estômago ao abrir um e-mail com uma decisão que impacta diretamente a operação… e descobrir que aquilo já está rodando?

Não houve convite para a reunião.
Não perguntaram sua opinião.
Não esperaram seu parecer.

Só avisaram. Como quem diz: “Agora é só fazer.”

Essa realidade, infelizmente, é comum para muitas mulheres que atuam em áreas como logística, supply chain, engenharia ou operações. Mesmo quando têm anos de experiência, mesmo quando sabem mais do que muitos dos homens que decidiram por elas.

E por mais que a desculpa seja sempre a mesma — “foi corrido”, “a decisão precisou ser ágil”, “era só alinhamento” —, o que fica é uma sensação dura: invisibilidade.

Neste artigo, quero conversar diretamente com quem vive esse tipo de exclusão. Vamos falar sobre o que está por trás dessa prática, como ela afeta a autoconfiança e, principalmente, como mudar essa dinâmica mesmo sem ter um cargo de chefia.

Porque Eles decidem tudo na logística, sim. Mas isso pode mudar, e começa por algo muito mais estratégico do que levantar a voz: começa pela maneira como se posiciona antes que a decisão aconteça.

A dor de não ser incluída — e de ser lembrada só quando algo dá errado

Não é só sobre ego. É sobre dignidade.
Quando decisões são tomadas sem consultar quem está no campo, quem vive os processos, quem sabe dos gargalos, o que está sendo feito é um recado silencioso: “a opinião dela não é essencial”.

O impacto emocional é devastador.
A frustração de ser ignorada, o cansaço de corrigir decisões mal tomadas, o esforço constante para ser levada a sério.

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E ainda tem o ciclo perverso: quando algo dá errado, a cobrança vem. Mas a oportunidade de prevenir não foi dada.

É como se colocassem uma venda nos olhos e depois cobrassem que você não tropeçasse.

Essa é uma das formas mais comuns de exclusão em ambientes masculinos. Ela não é explícita. Não há ofensa. Não há confronto direto. Mas há omissão. E essa omissão custa caro — para a mulher e para a empresa.

Por que eles decidem tudo na logística — Mesmo quando não dominam o processo

eles decidem tudo na logística

Pode parecer contraditório: como alguém que não está na operação se sente confortável para tomar todas as decisões sem consultar quem está na linha de frente?

A resposta é simples: costume.
O ambiente corporativo, especialmente em setores operacionais, ainda carrega muito da lógica antiga de liderança masculina — centralizadora, vertical e baseada em controle.

Nessa lógica, quem “manda” se sente no direito de decidir e depois comunicar.

Só que esse padrão, além de ultrapassado, é nocivo.
A logística exige precisão, visão sistêmica e, principalmente, conhecimento prático. Ignorar quem carrega essa bagagem só enfraquece os resultados.

E muitas vezes, a exclusão tem outro nome: medo.
Medo de ser confrontado com dados melhores.
Medo de que a mulher apresente riscos que o homem não previu.
Medo de perder o controle da narrativa.

Por isso, eles preferem avisar depois. Quando a decisão já está tomada. Quando você só pode executar.

Quando só avisam, o que está em jogo é sua autoridade

Imagine essa cena:
Um novo fornecedor foi fechado, mas você só descobre quando precisa receber a carga e percebe que os horários não batem. A decisão já foi tomada — sem sua avaliação. Quando questiona, ouve: “Pensei que daria certo, era urgente.”

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Agora pense no impacto:

  • Você fica sobrecarregada para resolver o imprevisto.
  • A equipe cobra soluções que você nem sabia que precisaria dar.
  • E ainda corre o risco de ser responsabilizada se o resultado for ruim.

O nome disso? Desgaste profissional disfarçado de “comunicação operacional”.

É nesse ponto que eles decidem tudo na logística se torna um obstáculo ao protagonismo feminino.

Mas aqui entra algo fundamental: há como mudar isso — com estratégia e firmeza.

Sinais de que estão te tratando como mera executora (e como sair dessa posição)

Em ambientes com forte presença masculina, a exclusão raramente é direta. Ela se manifesta em pequenos hábitos. Alguns sinais:

  1. Você só participa da última reunião, nunca da que define o plano.
  2. Suas ideias só ganham atenção quando repetidas por alguém com mais cargo.
  3. Pedem “só para revisar”, mas nunca para propor.
  4. Você recebe o e-mail com a decisão já tomada.
  5. Seu nome nunca está nas atas iniciais, só no rodapé do cronograma.

Se algum desses pontos soa familiar, é hora de virar o jogo. E não é com briga. É com presença estratégica.

Como mudar essa dinâmica sem confronto direto

mudar essa dinâmica

1. Antecipe sua visão antes da reunião acontecer

Mesmo que não seja convidada, envie antes uma análise, um parecer ou um ponto de atenção. Mostre que está atenta — e que sua visão é crítica.

Exemplo:
“Caso a decisão envolva X fornecedor, deixo abaixo pontos importantes a considerar para evitar gargalos operacionais.”

Isso força quem decide a te considerar, mesmo sem pedir.

2. Pergunte com classe, mas firmeza

Frases que funcionam:

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  • “Essa decisão já foi finalizada ou ainda há espaço para revisão?”
  • “Precisa de execução imediata ou podemos validar antes com a equipe técnica?”
  • “Você prefere que eu apenas acompanhe ou que participe com um olhar mais estratégico?”

Essas perguntas invertem a lógica da exclusão sem gerar atrito.

3. Crie presença antes de ser convidada

Em vez de esperar o convite formal, posicione-se. Marque conversas com áreas paralelas, envie insights antes de decisões importantes, compartilhe aprendizados de outras operações.

Exemplo real: uma coordenadora logística que começou a gravar vídeos curtos de 2 minutos explicando cenários futuros. A liderança passou a esperar esses vídeos antes de reuniões.

4. Forme alianças silenciosas

Nem todo aliado é óbvio. Um estagiário pode repassar informações de bastidores. Uma colega de outra área pode te avisar sobre decisões em curso. Um gestor mais sensível pode te incluir nos bastidores.

Use isso com ética, mas use. Porque informação é influência.

5. Mude a linguagem do operacional para o estratégico

Não diga: “Estou aqui para executar.”
Diga: “Quero entender o impacto dessa decisão na cadeia logística.”

Essa simples mudança verbal te reposiciona mentalmente e profissionalmente.

Quando a exclusão é intencional — e o que fazer

Nem sempre é descuido. Em alguns ambientes, a exclusão da mulher é tática. Serve para manter poder, esconder falhas ou perpetuar uma cultura masculina de decisões fechadas.

Nesses casos, o caminho é outro:

  • Documente comunicações.
  • Guarde prints e e-mails.
  • Mostre resultados consistentes e compartilhe com outras áreas.
  • Busque visibilidade em outros espaços da empresa.

E se mesmo assim nada mudar, talvez seja o momento de buscar um ambiente onde sua presença seja tratada como parte da solução — não como uma ameaça.

Você pode ser a referência — mesmo onde não esperam

A boa notícia é que a mudança não depende de estrutura. Depende de posicionamento.

Quando eles decidem tudo na logística, o que está em jogo não é só a operação — é a forma como o espaço feminino é percebido.

E isso pode virar.

Com consistência.
Com inteligência emocional.
Com firmeza silenciosa.
Com decisões antecipadas.

A mulher que antecipa, questiona com elegância, entrega com visão e exige com serenidade reconfigura a sala de decisão, mesmo que ninguém a tenha convidado.

O espaço não é dado. Mas pode ser conquistado

Se a rotina tem sido de ser informada tarde demais, ou de ser vista apenas como executora, isso não significa incapacidade. Significa que o ambiente está cego — e precisa que você mostre onde está a visão real.

E pode acreditar: quem começa sendo ignorada, muitas vezes termina sendo a pessoa que todos procuram quando a operação trava.

A pergunta que deixo é:
Quando tudo for decidido de novo… vai esperar ser avisada? Ou vai se fazer presente antes mesmo do convite?

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